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Nem apanhar, nem bater: como pôr fim às brigas na escola

21 mar 2013 - 07h11
(atualizado às 07h11)
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O brinquedo pode ser da escola, do vizinho, do amigo. Mas o senso de propriedade é ignorado por grande parte das crianças, que, em meio à brincadeira, tomam para si o maior carro ou a boneca mais bonita. Não é proposital. É que os pequenos ainda não têm noção de que os objetos pertencem a alguém - o que pode resultar em algumas brigas na escola ou na creche. Nessas horas, os pais enfrentam um dilema: deixar que apanhem ou incentivá-los a se defender? Para especialistas, nenhuma dessas alternativas é a mais adequada. A saída é sempre o diálogo.

Apesar de comuns, desentendimentos devem ser acompanhados de perto para não se transformarem em agressão física ou até bullying
Apesar de comuns, desentendimentos devem ser acompanhados de perto para não se transformarem em agressão física ou até bullying
Foto: Shutterstock

Uma criança de três anos é egocêntrica e tenta conquistar o próprio espaço, explica a psicóloga e professora do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Lavínia Ximenes. "Ela briga porque pensa que o direito é só dela", detalha. Como os pequenos ainda não internalizaram o entendimento de cedência, que é desenvolvido ao longo da infância, essas situações são comuns. Sem pedir licença para usar um brinquedo que não é dela, a criança pode provocar um colega, levando a tapas, mordidas, empurrões e puxões de cabelo.

Mas não adianta resolver o problema da violência incitando uma reação semelhante. Tampouco deixar que o filho se submeta aos outros alunos. A psicóloga Beatriz Acampora e Silva de Oliveira orienta que as crianças procurem ajuda de um responsável e informem o ocorrido. Para isso, os educadores também devem estar atentos e ser acessíveis, da mesma maneira que os pais devem conversar em casa e ensinar aos filhos sobre como reagir. "Defender-se não significa agredir de volta, mas não silenciar diante da situação", esclarece. Caso a criança ache que não pode fazer nada para mudar, isso pode se transformar futuramente em um caso de bullying, alerta a especialista. "A orientação é sempre não se deixe intimidar. Pode reagir no sentido de denunciar. Não apanhar e também não bater", afirma Lavínia.

O diálogo entre pais, escola e crianças é crucial para resolver os conflitos durante as aulas. Beatriz ressalva que desentendimentos são normais, principalmente entre os mais novos, que ainda não sabem como se expressar, mas é preciso ficar atento para que o desentendimento não vire agressão física. A instituição também pode contribuir, mantendo um número adequado de alunos em cada sala. Assim, o educador pode observar de perto e dar a devida atenção a todos. Mas, no caso das crianças mais velhas, o cuidado deve ser ainda maior. Isso porque aos 8 ou 9 anos já se tem consciência de que empurrar outra pessoa é errado.

"Uma criança só agride outra porque deseja muito algo e não sabe ainda como se expressar, ou ela está se defendendo", explica Beatriz. A intenção, ausente na criança menor, pode exigir que os pais relembrem conceitos de certo e errado. Em casos mais graves, a psicóloga indica a possibilidade de se procurar ajuda profissional, para entender por que a criança está se tornando agressiva. "O ambiente em que a criança está inserido tem de ser saudável", destaca Beatriz. Nesses casos, o incentivo dos pais à violência pode, mais tarde, se voltar contra eles próprios.

Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
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