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Instituto no Rio de Janeiro coleta leite e ajuda mães durante a amamentação

9 ago 2013 - 11h58
(atualizado às 12h06)
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O ato de o recém nascido mamar pode parecer algo fácil, simples, comum e normal na vida de qualquer bebê. Mas na vida real pode não ser assim. Que o diga Maria Pimentel Câmara, mãe de Luíza, de 50 dias. “Não é só botar no peito, como todo mundo pensa. Amamentar é muito difícil. Achei que estava tudo bem e quando fui ver no primeiro mês ela tinha engordado apenas metade do peso que deveria” disse Maria na entrada do Instituto Fernandes Figueira (IFF), na Zona Sul do Rio, centro de referência nacional de banco de leite e de apoio à amamentação. Maria foi buscar ajuda para tentar realizar o sonho de alimentar sua filha pelo menos até os seis meses apenas com leite materno, como recomendam as autoridades de saúde. “Mais do que botar a criança no peito, temos que dar apoio a essa mãe. E o apoio deve começar em casa, com o pai, os avós e de toda a sociedade” disse Daniele Aparecida da Silva, engenheira de alimentos e responsável pelo banco de leite do IFF.

E o Terra aproveitou a Semana Mundial do Aleitamento Materno para ver de perto o trabalho dos profissionais que se dedicam a ajudar mães e bebês com problemas na hora da amamentação. Pode ser porque o bebê nasce prematuro e não consegue mamar diretamente no seio materno; ou tem aquele bebê que não consegue sugar o seio corretamente; ou simplesmente que volta após 15 dias para avaliar como está indo a amamentação e ver se está ganhando peso corretamente. Como o caso de Angelo, de 15 dias, que voltou para ser avaliado ao lado da mãe Gerlaine Bezerra e do pai, Francisco das Chagas. “O Angelo pegou muito bem no seio e não tive nenhum problema. Só que não durmo, porque ele mama toda hora” disse bem humorada a mãe.

Com 25 anos de experiência, a enfermeira Nina Aurora Melo, coordenadora de assistência às mães do Instituto Fernandes Figueira, explica os dois fatores fundamentais para saber se o bebê está mamando como se deve: o ganho de peso e a frenquência com que urina. E dá referências. “Nos primeiros 15 dias ela deve ganhar de 20 a 30 gramas por dia e urinar de cinco a seis vezes” diz. E para isso, Nina dá mais um número que pode parecer alarmante: um recém nascido deve mamar de 12 a 15 vezes por dia. “Não pode ter horário certo para mamar. Deu sinal de fome a criança tem que mamar. Não precisa esperar a criança chorar forte. Se ela choraminga, lambe as mãos, mexe com os olhinhos já são sinais” afirma. “Nesse início a mãe tem que descansar no tempo que sobra entre uma mamada e outra.”

De acordo com Nina, algumas crianças dormem muito e podem não mamar a quantidade de vezes que deveria. Pode ser o que aconteceu com Luíza, filha de Maria Pimentel. “Ela dormia muito e eu achava que estava tudo bem. Aí tive que passar para o complemento, e ela não pegou mais o peito” lamenta. O bico de silicone da mamadeira é um vilão para a mãe que sonha em amamentar no peito. O bico da mamadeira e a chupeta. “Quando o bebê chora, algumas mães recorrem à chupeta. Isso faz o bebê se desgastar e como ela suga diferente na chupeta, quando volta ao peito suga errado” explica Nina. “Mas estou fazendo de tudo para ela voltar. Quero amamentar até mais que seis meses” sonha Maria.

Na sala onde apura a técnica de colocar Angelo na posição correta e fazê-lo pegar corretamente a auréola, Gerlaine tem o apoio do marido Francisco. “Ela está dormindo pouco e por isso ajudo a colocá-lo para arrotar depois de mamar” conta, orgulhoso, o pai, que vai ao IFF para aprender técnicas de massagem para ajudar a mãe a ordenhar o leite que Angelo não absorve. Para Daniele Aparecida, o apoio do pai e de familiares é fundamental para a mãe no começo. “Com leite materno o bebê fica mais saudável e aumenta o vínculo mãe e filho”, comentou. Gerlaine é empregada doméstica e vai ter quatro meses de licença antes de voltar a trabalhar. Mas já está aprendendo técnicas de armazenamento de leite, para que Angelo possa permanecer por mais tempo apenas com o leite materno. “Eles recomendam o mínimo de seis meses, mas quero ir mais à frente” diz.

<p>Profissionais ensinam técnicas para melhorar a amamentação</p>
Profissionais ensinam técnicas para melhorar a amamentação
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Doação

Guardar leite pode ser importante não apenas para aliviar a mãe que produz muito alimento, mas é fundamental para outras crianças. Principalmente as que nascem prematuras e precisam de reforço alimentar. Estatísticas fornecidas pelo Instituto Fernandes Figueira que de cada litro doado cerca de 10 crianças são beneficiadas. “Tem muita mãe que acha que tem muito leite, tira e joga na pia, quando poderia simplesmente pegar um pote de vidro com tampa plástica, esterilizar com água fervendo, rotular com data e hora, colocar o leite excedente, congelar e doar” ensina Daniele.

Em 2012, de acordo com dados do Ministério da Saúde, só no Rio foram coletados 4.685 litros de 3.430 doadoras, beneficiando 1.791 crianças. No Brasil, foram 85.017,9 litros de leite materno com 81.956 doadores e 88.229 receptores. O Instituto Fernandes Figueira conta com um laboratório do mais alto gabarito para receber esse leite e tratá-lo devidamente. “O leite doado passa por um controle de qualidade dentro do instituto para permitir que a criança receptora possa ter o máximo de benefício possível. O processo  qualifica o leite humano para sabermos por exemplo teor de gordura desse leite. Um bebê prematuro não pode receber um leite muito gorduroso” explica a engenheira.

No laboratório o leite passa por seleção, classificação, pasteurização e um controle de qualidade microbiológico e depois disso ele passa a ter validade de seis meses. Um pote de leite do momento que chega no IFF até estar liberado leva cerca de 48 horas. “Trabalhamos não só o aspecto de leite humano para bebês prematuros, que estão incapacitados de ir direto ao seio da mãe. Mas também a área de assistência à mãe, ensinando práticas que possam garantir a manutenção do aleitamento materno” conta Daniele. E esse conhecimento já está replicado para outros 215 centros de apoio à amamentação em todo o Brasil. “Nossa grande meta é a saúde da criança e da mulher” finaliza.

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Fonte: Terra
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