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Do peito para o copo: especialista sugere evitar a mamadeira

20 fev 2013 - 07h04
(atualizado às 07h04)
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O fim da licença-maternidade, a correria do dia a dia e até mesmo fatores biológicos podem dificultar a continuidade do aleitamento materno. Nesses casos, a alternativa mais óbvia é o uso da mamadeira. No entanto, os pais precisam estar alertas a alguns cuidados e, principalmente, estar cientes que o seio materno é a melhor fonte de leite para o bebê.

Na hora da compra, é muito importante verificar se a mamadeira tem o selo da Anvisa
Na hora da compra, é muito importante verificar se a mamadeira tem o selo da Anvisa
Foto: Shutterstock

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o aleitamento materno ocorra até a criança atingir ao menos os seis meses. Até essa faixa etária, o leite fornecido pela mãe contém todos as vitaminas e as defesas necessárias. Depois, mesmo com a complementação nutricional, o alimento provindo do seio maternal segue uma fonte nutritiva muito valiosa.

Segundo a neonatologista do Hospital São Luiz, de São Paulo (SP), Graziela Del Bem, o ideal é que as crianças não usem mamadeira, exceto em casos específicos. Quando elas atingirem os seis meses, a introdução de novos líquidos, como os sucos, pode ser feita diretamente no copo.

Para aqueles que optarem pelo item, alguns cuidados na hora da compra são necessários. O mais importante é verificar se a mamadeira tem o selo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Isso porque o órgão publicou, em 2011, uma resolução que proíbe a fabricação de produtos desse tipo feitos com policarbonato. Quando aquecido, esse plástico libera uma substância chamada Bisfenol A (também conhecida como BPA), que pode causar diversos danos à saúde. Diferentemente dos adultos, o organismo dos pequenos ainda não está desenvolvido o suficiente para poder eliminar a substância. Algumas marcas sinalizam no rótulo ou na própria embalagem que o produto é isento.

De acordo com a neonatologista, os pais devem cessar o uso da mamadeira até a criança completar os dois anos. O uso intensivo pode causar danos à mordedura e ao desenvolvimento da fala. No entanto, segundo a consultora em odontopediatria da Associação Brasileira de Odontologia (ABO), Márcia Vasconcelos, a mamadeira geralmente não influencia na formação da arcada dentária, pois seu uso é pouco constante, diferentemente da chupeta ou do próprio ato de sugar o dedo. Portanto, utilizar o item pode ser negativo, mas dificilmente vai entortar os dentes, como alguns pais preocupados poderiam temer.

O utensílio também dá nome a um problema que atinge os bebês, a chamada "cárie da mamadeira". No entanto, a deterioração dentária está ligada a cuidados de higiene pessoal e não ao uso do item em si. Isso porque é comum, principalmente à noite, que os pais deem leite, mas não façam a limpeza posterior. Como o líquido é muito doce e, às vezes, ainda se acrescenta açúcar ou mel, podem ocorrer danos aos dentes. Isso não tem, no entanto, relação direta com a mamadeira, podendo ocorrer também com crianças que só consomem leite diretamente do seio.

A forma mais simples de prevenir a cárie é manter a boca dos pequenos limpa. Segundo a odontologista, a higiene bucal dos bebês pode ser feita com água filtrada e uma fralda ou uma gaze. A utilização da escova de dentes começa quando os molares nascerem, o que ocorre entre 18 e 24 meses.

Mamar deitado pode causar engasgos

Não há muito segredo na hora de dar a mamadeira para o bebê. A ideia principal é possibilitar que a experiência seja o mais parecida possível com o aleitamento materno. Portanto, é recomendado optar pelos produtos com bico ortodôntico e de silicone, pois têm o formato mais parecido com o seio e uma consistência mais firme, o que dificulta deformações. No entanto, no caso dos bebês muito pequenos, as superfícies de látex podem ser uma opção porque são menos duras.

Outro aspecto importante em relação aos bicos é o tamanho do orifício. Antes de dar de mamar, os pais devem verificar se o leite não está escapando ou escorrendo, pois isso pode causar engasgos. Além disso, é necessário que os bebês façam um pouco de força para sugar o leite, pois esse é um processo natural de seu desenvolvimento. Além disso, as facilidades da mamadeira podem fazer com que eles comecem a recusar o seio da mãe. Em geral, o produto já vem com a abertura adequada e não se recomenda alterá-la.

Tanto a mamadeira quanto o utensílio utilizado paras aquecer o leite precisam estar devidamente higienizados. Segundo a neonatologista, o ideal é que os pais limpem e esterilizem os objetos antes e depois do uso. Primeiro, lava-se com água corrente, tirando-se todo o vestígio visível da substância. Depois, esquenta-se mais uma quantia de água até ferver. Deixa-se passar a fervura e se coloca a líquido nos produtos durante três ou quatro minutos. A higienização deve ser feita imediatamente após o uso e não é recomendado deixar os itens na pia, para serem lavados tempos depois.

Nos momentos de preparar e dar a mamadeira, alguns cuidados são necessários. O leite deve ser aquecido na hora do mamar e estar em temperatura ambiente. O melhor é verificar pelo tato se ele não está quente ou frio demais. A posição do ato de mamar deve ser parecida com a do aleitamento, isto é, a mãe coloca a criança no colo e o posiciona verticalmente. Portanto, o bebê não deve ficar deitado, pois isso pode causar engasgos e afins. Além disso, a mamadeira deve estar a 90 graus em relação ao nariz dos pequenos, de forma que fique reta em relação à boca, sem estar inclinada para baixo ou para cima.

Não há porque as crianças maiores utilizarem a mamadeira. Se elas já conseguem manusear o utensílio, também conseguirão usar o copo. Por mais trabalho e bagunça que possa ocorrer no início, o melhor é ajudar no desenvolvimento do filho em vez de optar pelas facilidades da mamadeira.

Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
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