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Creche: vigiar os filhos por câmeras pode se tornar obsessão

21 jan 2013 - 07h08
(atualizado às 07h08)
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Nas creches, a função das câmeras é conquistar a confiança dos pais naquela instituição
Nas creches, a função das câmeras é conquistar a confiança dos pais naquela instituição
Foto: Shutterstock
 
Não é de hoje que mães superprotetoras querem, o tempo inteiro, saber como seus filhos estão se sentindo quando longe delas. A ida das crianças para a escolinha, muitas vezes, traz novas angústias aos papais e mamães novatos, que anseiam por saber se a criança está bem nas mãos das "tias" da creche. Com o objetivo de garantir mais tranquilidade aos pais, algumas escolas apostaram na instalação de um sistema de câmeras que permite observar as crianças pela internet. 
 
Na escola de educação infantil Carinha Suja, a diretora Regina Tecla conta que as câmeras existem para conquistar a confiança dos pais e fazê-los ver com os próprios olhos que o filho está bem e que participa das atividades propostas. "A câmera é uma maneira dos pais acompanharem os filhos, estarem junto, principalmente com os de menor faixa etária", acredita a pedagoga. 
 
Na opinião da diretora, a partir do momento em que os pais criam um laço de confiança com a escola, as câmeras ficam em segundo plano e deixam de ser um meio de vigilância. No dia a dia, a presença das câmeras já se tornou natural tanto para as professoras quanto para as crianças. Muitas delas passam o dia inteiro na escola enquanto os pais trabalham. 
 
Se for para fiscalizar e monitorar as crianças o tempo inteiro, a vigilância por meio das câmeras pode ser um sinal de obsessão. A pedagoga Regina conta que há responsáveis que ligam com frequência para a escola depois de testemunharem algo que passou com o filho, nem sempre se trata de situações graves. "Alguns pais ligam se não enxergam o filho quando a turma está no pátio, ou quando está frio e o pequeno está sem meia", conta a pedagoga Regina. 
 
Segundo a psicopedagoga Maria Teresa Andion, mestre em Psicologia do Desenvolvimento Humano, Ensino e Aprendizagem, a preocupação exagerada dos pais pode levar a uma superproteção que não é saudável nem para a criança, nem para os pais. Uma criança protegida demais pode se sentir sufocada e angustiada, o que pode fazer com que ela abuse de sua liberdade no futuro. Além disso, os pais precisam confiar na escola e nos professores. 
 
Para Juliana Cazol, mãe do pequeno Nicolas, de 1 ano e meio, a presença das câmeras online lhe deu mais confiança na escola. Ela, que trabalha nove horas por dia, entrou para a lista dos principais usuários de internet da empresa. Tudo, é claro, para ter certeza de que Nicolas está bem. No entanto, ela e o marido, Fábio Mello, têm uma combinação entre eles: não devem ligar para a escola. "Um dia, quando ele estava se balançando na cadeirinha enquanto comia, eu precisei me controlar para não ligar e atrapalhar o trabalho das tias da escola", conta a mãe.
 
Para a psicopedagoga Maria Teresa, as câmeras na escola podem ser saudáveis se servirem apenas para tranquilizar os pais e fazer com que eles acompanhem o desenvolvimento do pequeno. Crianças saudáveis, com famílias centradas, não precisam ser observadas pelos pais o tempo todo. O problema não estaria nas câmeras, mas sim no olhar dos pais.
 
Fonte: Cartola - Agência de Conteúdo
Fonte: Terra
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