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Alta gastronomia e sexo: conheça o 1º bar erótico do Brasil

Localizado em Porto Alegre, Valentina Bar inova ao aliar alta gastronomia com ambiente sensual e cai no gosto do público feminino

8 abr 2014 - 15h09
(atualizado às 15h13)
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<p>Nome do Valentina Bar foi inspirado em personagem de HQ do artista italiano Guido Crepax</p>
Nome do Valentina Bar foi inspirado em personagem de HQ do artista italiano Guido Crepax
Foto: Marcelo Miranda Becker / Terra

Notória pela efervescência de suas baladas, a cidade de Porto Alegre (RS) volta os olhos para uma nova proposta de entretenimento noturno. Idealizado em um "papo de bebum" durante uma viagem de amigos pela Europa, o Valentina Bar 18+ se intitula o “primeiro bar temático de erotismo do Brasil”, e vem angariando fãs ao aliar a alta gastronomia a um ambiente livre de tabus.

O sucesso dos primeiros meses de funcionamento faz com que os proprietários estudem abrir novas unidades em outras cidades do País. "Nossa ideia é fazer um Hard Rock Café do sexo, que possa ser replicado em outros lugares. Já temos sondagens de parceiros em Balneário Camboriú (SC), Maceió (AL) e São Paulo", conta Alexandre Godoy, um dos sócios proprietários. O Terra passou uma noite no Valentina, com direito a pratos afrodisíacos e shows burlescos, e mostra para você como é o primeiro bar erótico do País.

O ambiente

Em tese, o Valentina é um bar porto-alegrense como qualquer outro. Localizado no Moinhos de Vento, bairro de alto padrão de Porto Alegre, o bar está abrigado em um sobrado de dois pavimentos, construído na década de 50. No térreo, há mesas e bancos elevados, agrupados em pequenos recantos, além de um lounge com poltronas acolchoadas e um palco diminuto. No segundo andar há mesas para grupos maiores.

O diferencial, porém, está na atmosfera - para onde quer que se olhe, o Valentina transpira sexo. Logo na entrada, o frequentador se depara com uma decoração propositalmente provocativa. Das formas geométricas do papel de parede retratando seios e pênis ao abajur em forma de espartilho, das cortinas de algemas e chicotes aos neons que remontam a cabarés e boates de strip: tudo foi pensado para instigar a libido do público.

Neons espalhados pelo bar dão clima de cabaré ao Valentina
Neons espalhados pelo bar dão clima de cabaré ao Valentina
Foto: Marcelo Miranda Becker / Terra

A inspiração, como o próprio site do bar afirma, é "o ambiente permissivo do Red Light District, de Amsterdã, com neons, vitrines e uma dose calculada de decadência ultrajante". O resultado é uma profusão de cenários fotografáveis, e por todo lado pipocam flashes das câmeras e celulares dos clientes - não à toa, as frases picantes dos neons e a parede decorada com as capas de filmes pornô vintage se tornaram hits no Instagram. No telão do bar, em vez da transmissão de jogos de futebol (presentes em quase todos os bares da cidade), são exibidos vídeos que mostram as expressões faciais de pessoas enquanto chegam ao orgasmo.

Gastronomia afrodisíaca e drinks sugestivos

Engana-se, porém, quem pensa que a temática do bar se restringe à decoração. Calcado no conceito de food porn, o cardápio do Valentina procura mesclar ingredientes afrodisíacos a uma variedade de pratos, além de introduzir a mixologia molecular na carta de bebidas – o nome, pomposo, indica a orientação de se experimentar, em um mesmo drink, diferentes texturas e sensações, misturando elementos sólidos, líquidos e gasosos.

Nessa categoria de "coquetéis moleculares", o carro chefe é o drink sólido, que consiste em cinco gelatinas no formato de genitálias, feitas à base de vodca e sucos naturais. Outras misturas que atraem a freguesia são as esferas de mojito (cápsulas de shots da bebida) e a taça de espumante com algodão doce de morango. Na cozinha do bar, destaque para o coração de entrecot grelhado ao molho escuro e para o hambúrguer de salmão, acompanhado de um duo de batatas francesas e doces fritas.

Drink sólido faz sucesso com o público: coquetel consiste em cinco gelatinas feitas de vodca e sucos naturais, apresentadas em formatos 'sugestivos'
Drink sólido faz sucesso com o público: coquetel consiste em cinco gelatinas feitas de vodca e sucos naturais, apresentadas em formatos 'sugestivos'
Foto: Marcelo Miranda Becker / Terra

'Para quem gosta da coisa'

Formado em publicidade, Alexandre Godoy diz que o embrião do Valentina foi o projeto de montar uma sex shop que tivesse um espaço para eventos. "Eu sempre fui tarado. Eu tenho guardado até hoje um boletim da escolinha em que a professora fala que eu era muito bom aluno, mas apresentava um interesse incomum pelas coleguinhas do sexo oposto. Eu juro, eu ainda vou botar isso num quadro", relembra. "A gente fala sempre: o bar é feito por pessoas que gostam da coisa, e é feito para quem gosta da coisa."

"A ideia era fazer uma sex shop. Só que aí, durante uma viagem na Itália, estava rolando uma exposição da Valentina (personagem protagonista da HQ erótica homônima do artista italiano Guido Crepax) e, naquele típico papo de bebum, surgiu o consenso de se montar um bar", diz Godoy.

Em 2013, ao tomarem conhecimento de que o sobrado na rua Fabrício Pillar estava à venda, Godoy e seus sócios Bruno Bubadra, Guilherme Alf e Mauricio Soares decidiram concretizar o sonho. "A gente fechou o negócio na correria, porque não podia perder um ponto tão bom como esse", relembra o proprietário, que inaugurou o bar em outubro do ano passado.

A notícia de que a casa se transformaria em um bar erótico se espalhou pela vizinhança, e gerou preocupação de associações de moradores do bairro com a maior população idosa de Porto Alegre. "Os vizinhos estavam meio desconfiados no início, achavam que isso aqui ia transformar o bairro numa zona, que ia ser um prostíbulo ou algo do gênero. A gente fez toda uma campanha para tranquilizar os moradores, distribuímos 200 cartas pelo bairro, explicando que se tratava de um bar de alta gastronomia, exclusivo para maiores, mostrando que a nossa proposta, de fato, valorizava a região", conta Godoy.

Cris (dir.) e Júnior Nunes (esq.) trabalham na sex shop instalada no segundo piso do bar. "Aqui é para saciar aquele desejo da hora, do clima que pinta no bar e que se desenrola em outro lugar", diz Cris
Cris (dir.) e Júnior Nunes (esq.) trabalham na sex shop instalada no segundo piso do bar. "Aqui é para saciar aquele desejo da hora, do clima que pinta no bar e que se desenrola em outro lugar", diz Cris
Foto: Marcelo Miranda Becker / Terra
Sex shop dentro do bar

Se abdicaram da ideia de montar a sex shop, Godoy e seus amigos trataram de trazer a loja para dentro do bar. Em uma parceria com uma sex shop do bairro, os proprietários instalaram um estande para venda de brinquedos sexuais no segundo piso do bar.

"Desde que a gente instalou o estande aqui no bar, as vendas aumentaram bastante na nossa loja. O público, em geral, é mais feminino, a mulherada querendo se descobrir", conta Cris Nunes, proprietária da sex shop. O bar, segundo a empresária, ajuda a botar a clientela no clima. “O ambiente ajuda o público, os clientes ficam mais curiosos. A gente fala pra eles: 'compra o que você quer usar agora. O que você quer guardar para outra ocasião, dá pra passar lá na loja, olhar com mais calma'. Aqui é para saciar aquele desejo da hora, do clima que pinta no bar e que se desenrola em outro lugar", diz Cris.

"Aqui a gente tem muita procura por gelzinho, por vibrador bullet e anel peniano. Teve uma cliente que veio aqui, comprou um produto, e voltou no outro dia dizendo que adorou. A gente já recebe um feedback interessante", diverte-se.

Mulheres no poder

O público da sex shop é um reflexo do perfil dos frequentadores do bar. Segundo Godoy, as mulheres dominam o bar. "Nosso público é formado principalmente por casais e grupos de mulheres. É impressionante, é muita mulher junta. Quando é noite com jogo de futebol, então, isso aqui fica uma loucura: a mulherada deixa o maridão em casa vendo o jogo e vem pra cá com as amigas", diz. A avaliação do sócio é precisa: visitamos o bar em uma quarta-feira, dia de maior movimento, e encontramos vários grupos de até dez mulheres se divertindo, enquanto os homens desacompanhados se restringiam a uma dezena.

"Aqui o bar é girl power total, é quase um Sex and the City pervertido. Todo o conteúdo exposto aqui é feito sob a ótica feminina, nunca naquele padrão da mulher-objeto. São pessoas normais que aparecem nos vídeos. A gente quer que a mulher olhe o vídeo e se identifique, que ela pense: 'que coisa do car**** o que essa mulher está fazendo, eu também posso fazer isso!'"

A preocupação em retratar a sensualidade sem estereótipos também se estendeu à escolha do quadro de funcionários. "A gente não queria botar gogo boys e mulheres seminuas para atender o público. Você olha os nossos garçons e garçonetes, eles não são símbolos sexuais, são pessoas normais - bonitas ou feias, não importa. A ideia é que o cliente se sinta sensual, e não que ele fique atraído por uma sensualidade alheia", revela Godoy.

As amigas Raquel Cozer (esq.) e Aline Thomas (dir.) se impressionaram com a quantidade de mulheres no bar
As amigas Raquel Cozer (esq.) e Aline Thomas (dir.) se impressionaram com a quantidade de mulheres no bar
Foto: Marcelo Miranda Becker / Terra

Para o homem solteiro que pensa em se dar bem com a "abundância" de mulheres no Valentina, Godoy faz um alerta: é preciso ter muita autoconfiança para ser bem-sucedido na conquista. "Aqui não é exatamente o lugar propício pro cara pegar mulher. Homem quando sai pra caçar sai em grupos pequenos, no máximo em dois ou três. Chega aqui e encontra 15 mulheres juntas, como é que ele chega no alvo dele? Não é fácil, tem que contar com a iniciativa delas", diz o proprietário.

Estreantes no bar, a advogada Raquel Cozer e a bancária Aline Thomas, ambas de 26 anos, se mostravam impressionadas com a escassez de homens. "Só tem mulher no bar, eu nunca vi isso", disse Raquel. Solteiras, as duas amigas decidiram conhecer o Valentina após ouvirem comentários sobre o conteúdo erótico do bar. "O lugar é muito legal. Mas a gente esperava um clima mais cabaré, menos bar. Acho que é um lugar bom de vir acompanhada, de trazer o namorado. Mas pra quem é solteiro, ou está recém conhecendo uma pessoa, acho meio complicado", conta a advogada.

Performance com morangos e nu total

Não por acaso, as noites das quartas-feiras são as de maior movimento no Valentina. Além de ser o dia tradicional para a transmissão de jogos de futebol, é quando o bar recebe a sua atração de maior sucesso: a performance do coletivo paulista The Burlesque Takeover, especializado em shows burlescos.

Durante a visita do Terra, o show ficou por conta de Mayanna Rodrigues, também conhecida como Black Rainbow, nome da personagem que encarna nos palcos. Ao longo da noite, Mayanna fez quatro apresentações no bar, cada uma com fantasia e tema específicos, que evoluíam progressivamente para performances cada vez mais ousadas.

Mayanna Rodrigues diz que o ambiente erótico ajuda o público a se soltar em suas apresentações burlescas
Mayanna Rodrigues diz que o ambiente erótico ajuda o público a se soltar em suas apresentações burlescas
Foto: Marcelo Miranda Becker / Terra

"Na primeira apresentação, eu fui vestida de marinheira, um quadro vintage que já é fixo do nosso coletivo. Na segunda, fui numa pegada de Laranja Mecânica, inspirada na cena em que o Alex canta Singing in the Rain. Na terceira, é uma performance no estilo militar, ao som de Pink Floyd. Nessa eu já mostro os seios descobertos. A última apresentação é nu total, eu interajo bastante com a plateia, fazendo brincadeiras com morangos", disse a artista, em uma conversa rápida entre uma apresentação e outra.

Mayanna conta que o bar abriu espaço para mostrar sua arte a um público diferenciado. "Além do burlesco, eu também trabalho com strip tease. Então eu estou acostumada a me apresentar em locais com uma ideia um pouco mais aberta, com gente que vai lá justamente para ver mulher pelada. Aqui é legal porque é uma galera que nunca viu um strip tease na vida", analisa.

Segundo Mayanna, a decoração e a temática do bar ajudam o público a entrar na brincadeira. "O público em Porto Alegre é um pouco conservador, mas o ambiente ajuda a se soltar. O cara pensa: 'já estou aqui mesmo, rodeado de pinto e buc***, o que é ver uma mulher pelada?'", disse.

Animação é o que não falta nas apresentações da performer. Quanto mais picantes as coreografias de Mayanna, mais o público se agitava para interagir com a artista. Na última apresentação, enquanto ela desfilava seminua por entre as mesas do bar, homens e mulheres disputavam sua atenção. "Morango, morango, morango!", gritava um grupo de amigas, pedindo para que Mayanna entregasse as frutas em suas bocas. "O segredo é ter bastante interação com o público, fazer contato visual. A gente sabe, só de olhar, quem é que está mais disposto a entrar na brincadeira. Quando a gente vê que alguém está mais retraído, tem que respeitar o espaço dele."

<p>"Dossiê Underwear" permite que clientes tirem fotos de suas roupas íntimas; se o cliente aprovar o resultado, as fotos passam por um filtro da equipe do bar e são expostas em telas localizadas nos banheiros da casa</p>
"Dossiê Underwear" permite que clientes tirem fotos de suas roupas íntimas; se o cliente aprovar o resultado, as fotos passam por um filtro da equipe do bar e são expostas em telas localizadas nos banheiros da casa
Foto: Marcelo Miranda Becker / Terra
Atrações culturais

Além dos shows burlescos, o Valentina também conta com outros projetos relativos ao sexo. Um deles é o "Dossiê Underwear", que reserva uma cabine no piso superior para que o público tire fotos de suas roupas íntimas. Se o cliente aprovar o resultado, a imagem passa então por uma filtragem da equipe do bar e, se não for explícita e não revelar a identidade do fotografado, é exibida em telas disponíveis nos banheiros da casa. "As fotos entram sempre no dia seguinte. A gente não mostra no banheiro no mesmo dia justamente para não inibir o pessoal - embora tenha gente bem desinibida, que vai lá e mostra tudo, até a cara", diz, às gargalhadas, Carol, hostess do Valentina.

Outra ação promovida pelos donos do bar foi garantir a isenção vitalícia de ingressos para clientes chamados Bráulio ou Shana - nomes frequentemente usados para se referir às genitálias masculina e feminina, respectivamente. "Te zoaram a vida inteira. Chegou a hora de dar o troco, em alto estilo. Se você se chama Shana ou Bráulio, você não paga ingresso. Nunca", dizia a mensagem divulgada na página do bar no Facebook. "Aquilo ali foi uma coisa que eu criei no meio de uma aula, em cima da hora. Você não faz ideia da quantidade de Shanas e Bráulios que passaram a curtir a página. Não duvido que daqui a pouco vai ter noite só com Bráulio e Shana aqui", brinca Godoy.

A intenção, segundo o sócio, é ampliar a programação cultural no bar, incluindo performances de circo erótico, sarau do poeta Fabrício Carpinejar sobre sexo, confraria de pole dance e oficinas de fotografia sensual. Nos dias 22 e 23 de março, por exemplo, o bar sediou o Workshop Fotografia para Pervertidos, ministrado pelo fotógrafo Alex Korolkovas. Por meio de uma promoção nas redes sociais, sete clientes do bar foram selecionadas para posar nuas para as lentes de fotógrafos amadores e profissionais, tendo o Valentina como cenário.

"O workshop se divide em duas partes: na primeira, tem uma parte teórica. Faço projeção de imagens de fotógrafos que me influenciaram, que retratam um pouco a história do erotismo. Na segunda parte, que é no final do primeiro dia e todo o segundo dia, o pessoal bota a mão na massa", diz Korolkovas, autor das fotografias inspiradas no personagem Valentina, que decoram as paredes do bar.

Curso foi ministrado pelo fotógrafo Alex Korolkovas e ensinou técnicas de fotografia sensual
Curso foi ministrado pelo fotógrafo Alex Korolkovas e ensinou técnicas de fotografia sensual
Foto: Anderson Pontes / Divulgação

"Aqui rolou uma coisa inédita, de que foi a primeira edição do workshop sem fotógrafas mulheres. E, ao mesmo tempo, nunca tivemos tantas modelos. Nós tivemos sete mulheres diferentes, para seis fotógrafos - tivemos mais modelos que fotógrafos, quando normalmente a galera tem que se estapear para fazer suas fotos", disse o fotógrafo, que se mostrou empolgado com o ambiente. "É um lugar incrível, uma locação maravilhosa para fazer fotos eróticas. Adoraria ver mais espaços assim", afirmou.

De acordo com Godoy, as atrações culturais têm como objetivo reforçar a imagem do bar, que espera se tornar no futuro um ponto turístico da capital gaúcha. "O meu sonho é que o Valentina seja um daqueles lugares imperdíveis de Porto Alegre. Que o sujeito pense em sexo e, imediatamente, venha para o bar."

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Fonte: Terra
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