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Jovem ignora riscos por sonho de se tornar bailarina em Bagdá

Extremistas religiosos acreditam que tanto o balé quanto a música vão contra os ensinamentos do Islã

19 abr 2014 - 18h39
(atualizado às 18h41)
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Assim como milhares de outras jovens garotas, Leezan Salam, 17, sonha em se tornar uma bailarina e um dia entrar para a Royal Opera House. Mas a sua trajetória é um pouco diferente das demais, já que nasceu na capital do Iraque, Bagdá, onde desde o começo do ano mais de 2 mil pessoas foram mortas em ataques com carros-bomba. Os extremistas religiosos consideram a dança pecaminosa. Com informações do site do jornal britânico Daily Mail.

Apesar dos riscos, ela continua a frequentar a Baghdad Music and Ballet School, o único lugar no Iraque que ensina música e dança clássica. “Quando você entra na escola, está em um lugar de esperança e paz”, diz a adolescente, que tem sido pupilo do local há dez anos. “É totalmente diferente do lado de fora, onde você pode ouvir bombas e tiroteios. Dentro da escola, tudo é bonito”, complementa.

Os sonhos de uma carreira na dança significam superar a oposição de extremistas religiosos que acreditam que tanto o balé quanto a música vão contra os ensinamentos do Islã. Como resultado disso, a escola teve que contratar quatro seguranças armados para cuidar do local.

Wassan Jassim, um das últimas professoras de balé do Iraque, conta que a prática é proibida e considerada infiel. “É muito doloroso. Não posso organizar um espetáculo de balé. Não posso dizer que eu sou professora de balé. É muito difícil deixar o trabalho sabendo que ele pode ser explodido”, conta.

Os alunos da escola não estão ilesos aos ataques, e no último mês de janeiro uma colega de Leezan, Ali Nouri, foi morta por uma bomba enquanto esperava o pai ir pegá-la. “Rezo por ela todos os dias”, diz a adolescente.

Em cerca de dez meses, quando se graduará na escola, Leezan terá que tomar uma grande decisão: deve seguir o exemplo de 40% dos músicos e bailarinos iraquianos que deixam o país? “Claro que sempre sonhei em me tornar famosa nos países árabes, na Europa e na América. Se eu ficar em Bagdá, não ganharei nenhuma experiência. Não aprenderei nada novo”, analisa.

No entanto, ela afirma que caso opte por ficar se tornará uma professora em sua cidade. Independente da decisão, ela não pretende abandonar a dança jamais. “Se eu tiver que sair do balé, vou mudar minha nacionalidade, mesmo que isso me deixe deprimida. Não vou parar de dançar até eu ficar velha”, finaliza.

Fonte: Terra
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