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Desejo feminino: "a excitação começa na mente", diz Sylvia Day

Em entrevista exclusiva ao Terra, autora de 'Irresistível' falou sobre o mercado da literatura erótica e a vida sexual das "mulheres reais"

27 mai 2013 - 16h19
(atualizado às 16h21)
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<p>O livro Irresistível conta a história de uma mulher que, prestes a se casar, presencia um ato sexual, sem querer, e passa a reprimir um desejo</p>
O livro Irresistível conta a história de uma mulher que, prestes a se casar, presencia um ato sexual, sem querer, e passa a reprimir um desejo
Foto: Divulgação

A explosão de vendas de livros eróticos entre o público feminino é algo notável nos dias atuais. Mas a escritora Sylvia Day discorda que o fenômeno tenha surgido de uma hora para outra. “A demanda sempre esteve lá”, disse, em entrevista por e-mail ao Terra.

Para ela, uma vida sexual prazerosa, no caso das mulheres, depende da comunicação e das preliminares. "E não estou falando só de preliminares físicas. Para nós, mulheres, a excitação começa na mente. E é aí que a ficção erótica provou ser útil em relações sexuais já estabelecidas”, observa. E de literatura erótica, ela entende: além de afirmar que se especializou no gênero simplesmente porque é o tipo de livro que gosta de ler, é autora de diversas publicações, entre elas a trilogia Crossfire. Seus títulos já foram traduzidos em mais de 30 idiomas e, recentemente, teve o romance Irresistível publicado no Brasil, pela editora Lafonte.

O enredo conta a história da inglesa Jéssica Sheffield que, às vésperas de seu casamento, presencia, sem querer, um ato sexual que acende um desejo a ser concretizado sete anos depois. Sobre o ato de “voyeurismo”, Sylvia acredita que pode ser “parte de uma relação sexual excitante e saudável”.

No entanto, a receita para um casal se entender neste âmbito é bem mais simples do que se imagina. “A mulher precisa estar preparada para ouvir as necessidades do seu parceiro e aos seus desejos também. Uma vida sexual saudável é uma via de mão dupla”. Confira a seguir a entrevista exclusiva com a autora:

Terra: A que você atribui o fenômeno do aumento do interesse pela literatura erótica pelas mulheres?

Sylvia Day:

Ao aumento da cobertura da mídia. Quando se tem tantos meios de comunicação que cobrem as vendas de ficção erótica, isso agita a curiosidade e impulsiona as vendas. A demanda sempre esteve lá. Graças ao aumento da conscientização do público, os fornecedores estão estocando literatura erótica nas lojas mais tradicionais, o que tem feito com que a oferta se torne mais acessível.

Terra: Biologicamente, os homens sempre se mostram mais dispostos para o sexo. Você acha que eles estão preparados para entender essa mulher, mais sexualmente ativa e mais cheia de fantasias?

S.D.: Se eles forem amantes confiantes e conscientes, irão gostar de ter parceiras que são confiantes e aventureiras.

<p>Sylvia Day disse que começou a escrever livros eróticos porque esse é o tipo de texto que gosta de ler</p>
Sylvia Day disse que começou a escrever livros eróticos porque esse é o tipo de texto que gosta de ler
Foto: Divulgação
Terra: Por que você escolheu o gênero erótico?

S.D.:

Porque estes são os livros que eu gosto de ler. A maioria doe escritores escrevem o que eles gostam de ler.

Terra: Quando você começou a escrever e a se tornar conhecida por conta disso, você sofreu algum tipo de preconceito?

S.D.:

Há 10 anos, sim. Principalmente vinda de outros escritores que não apreciam a habilidade necessária para escrever uma boa narrativa erótica.

Terra: No livro Irresistível, você narrou um desejo sexual reprimido, nascido em um ato de voyeurismo. Você acha que a prática do voyeur ainda é vista como um tabu na sociedade atual? E na sua opinião, a prática do voyeurismo pode apimentar as vida entre quatro paredes?

S.D.:

O voyeurismo consentido é perfeitamente aceitável, na minha opinião, e pode ser parte de uma relação sexual excitante e saudável. Ver alguém que não tem conhecimento que está sendo vigiado é outra história ... e isso não é bom.

Terra: Na história, a personagem principal está em um casamento de sete anos mas se interessa por uma aventura extraconjugal. Na “vida real”, algumas mulheres acabam perdendo o desejo sexual pelos seus maridos, apesar de amá-los. Que dica você daria a estas mulheres?

S.D.:

Jessica tem um relacionamento sexual com seu marido, Benedict, maravilhoso e satisfatório. O sexo com Alistair [o caso extraconjugal] é mais excitante simplesmente porque ela foi ferozmente atraída por ele de uma maneira visceral. Eles são almas gêmeas e isso adiciona mais profundidade à sua interação sexual. Quanto às mulheres da vida real que estão insatisfeitas com seus relacionamentos sexuais, a primeira coisa que precisam fazer é falar e verbalizar o que está faltando, o que querem experimentar, quais necessidades não estão sendo atendidas. Essa não deve ser uma discussão de confronto ou acusação. E a mulher precisa estar preparada para ouvir as necessidades do seu parceiro e aos seus desejos também. Uma vida sexual saudável é uma via de mão dupla.

Terra: Na sua opinião, quais são os principais problemas que impedem uma mulher de ter uma vida sexual prazerosa?

S.D.: A falta de comunicação e das preliminares. E não estou falando só de preliminares físicas. Para nós, mulheres, a excitação começa na mente. Nós gostamos do romance, do ambiente, da sedução. E é aí que a ficção erótica provou ser útil em relações sexuais já estabelecidas. Os livros podem atuar como preliminares e ajudar uma mulher a ficar excitada antes de começar a interação física, o que pode conduzir a um sexo mais gratificante entre os parceiros.

Terra: Como você descreveria uma vida sexual prazerosa?

S.D.: Aquela que apresenta uma comunicação aberta, confiança, um senso de aventura e carinho verdadeiro entre os parceiros.

Terra: O fato de você se especializar em literatura erótica mudou sua relação com os homens?

S.D.: Eu amo os homens. Eu acho que isso fica óbvio em meus livros. Meus textos não mudaram meus relacionamentos, porque sempre fui uma entusiasta. A maioria dos meus amigos próximos sempre foram homens. 

Fonte: Terra
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