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"Dedo podre": saiba como fugir dessa e escolher o cara certo

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Todo mundo tem uma amiga “dedo podre” – aquela mulher que nunca está sozinha, porém, está sempre mal acompanhada. Assim como assistir ao mesmo filme mil vezes, essas mulheres vivem as mesmas situações, com diferentes pessoas, sempre em busca do “cara certo”.

<p>O problema dos "relacionamentos furados" nem sempre está no outro</p>
O problema dos "relacionamentos furados" nem sempre está no outro
Foto: Getty Images

É o caso da protética Daniella Watanabe, 37, de São Paulo. “Até hoje, só entrei em fria”, conta, bem humorada. Atualmente, ela diz que está “enrolada” com uma pessoa que acabou de se separar, mas enumera diversos casos em que se envolveu com o mesmo tipo de homem: complicado, comprometido ou sem interesse algum em algo sério.

Ela admite que insiste nos mesmos erros, aos quais credita o insucesso dos relacionamentos – ficar com os “caras de balada” ou ser muito amiga dos homens. “Eles acabam se aproveitando da situação. Sou muito boazinha, mulher tem que ser ruim mesmo”.

O senso comum diz que achar um “homem bom” para se relacionar é privilégio das sortudas. No entanto, a psicóloga Lygia T. Dorigon avisa: “o problema de relacionamentos furados dificilmente está no outro”. E completa: “é verdade que existem homens que não querem nada sério, mentem, não são leais e podem fazer uma mulher sofrer. Mas, de forma geral, a mulher que vive experiências com homens como estes é porque não conseguiu avaliar que o barco era furado”. Conheça a origem e os principais traços deste tipo de comportamento.

De volta à infância

De acordo com a psicóloga Heloisa Fleury, supervisora do Programa de Estudos em Sexualidade do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), o “dedo podre” é um padrão que se desenvolve ainda na infância.

A forma como os pais dão amor à criança é, muito provavelmente, a forma como ela irá esperar receber amor do mundo. “A criança tem necessidades emocionais, de se sentir segura, de se expressar, de se sentir parte de uma família ou de um grupo”, observa.

Quando não é atendida nestas necessidades, é possível que acabem criando uma barreira emocional que impeça um nível de intimidade maior – como deram amor e de certa forma não foram correspondidas, acham que o mundo as percebe assim. “Elas acabam escolhendo alguém que também tem esta mesma forma de se relacionar, para tentar compensar as dificuldades ocorridas na infância”.

De acordo com a especialista, esta forma de se relacionar se repete em outros âmbitos da vida dessa pessoa. “É alguém que pode ficar super próxima de amigos, mas vai estar geralmente ajudando esses amigos e não desenvolvendo reciprocidades, quando o saudável é se construir relações que enriquecem as duas partes”.

Lygia complementa, reforçando que as experiências pessoais e o ambiente são as peças chave para a construção desta visão do outro. “Mulheres que tiveram relações inseguras com figuras masculinas importantes: às vezes o pai é pouco afetivo e não demonstra explicitamente o afeto pela filha, ou não sabe valorizar o que ela tem de bom. Nesses casos, a menina pode aprender que o amor que vem de uma figura masculina é assim: pouco explícito, pouco cuidadoso, inseguro. E aí, obviamente, ela vai selecionar homens que tenham essa forma de se relacionar”, afirma.

A especialista lembra que o padrão também pode originar-se de decepções. “Por exemplo, a mulher se apaixonou perdidamente por alguém que não lhe dava bola e passa anos se dedicando a esse relacionamento. Essa mulher muito provavelmente irá mudar a forma de se relacionar com o outro a partir daí. Pode aprender que o pouco que vem já basta para fazê-la feliz e aí passa a vida procurando homens assim”, pontua.

Comportamento padrão

Escolher sempre o mesmo tipo de homem é uma característica de mulheres com “dedo podre”. “Aquele que não lhe dá atenção, que só quer saber dos amigos, ou não a respeita”, observa Lygia. “Nem sempre, elas conseguem perceber facilmente que estão entrando em relacionamentos semelhantes. Isso porque procuram pessoas para se relacionar com base nas suas referências anteriores”, complementa.

De acordo com Heloisa, também são comuns os casos em que as mulheres mantêm a relação mesmo sendo agredidas física ou verbalmente, ou se submetem a sustentar um homem que não consegue parar em nenhum emprego. “Se ela encontra um homem amoroso, interessado, ela acha completamente sem graça”, explica, reforçando que de fato os homens que parecem mais interessantes são os que, de alguma maneira, retomam as questões que ela enfrentava na infância. 

São mulheres que geralmente têm a autoestima baixa, são muito desconfiadas e sempre estão com a sensação de que o outro vai as ferir, humilhar, mentir, explica a especialista. “Elas também têm a sensação de que são inferiores, são muito sensíveis às críticas e não suportam discutir, com medo da rejeição. Basicamente, são pessoas que não conseguiram desenvolver uma percepção boa de si mesmo”.

Para Daniella, parar de procurar o par ideal está fora de cogitação. “Já tive uns 15 namorados, nunca cheguei a casar. Mas vou à cartomante todo ano, inclusive nestas minhas tentativas estou tentando encontrar alguém que eu consiga levar para o futuro”.

Relações autodestrutivas

Segundo explica Heloisa, geralmente mulheres que seguem este padrão comportamental investem em relacionamentos autodestrutivos, “que inviabilizam uma vida de troca satisfatória, que não satisfazem as necessidades afetivas”.

Uma das principais dificuldades enfrentadas por estes casais, segundo a psicóloga, é a evolução da intimidade. “São pessoas que não conseguem se entregar completamente e resolver os conflitos”.

A dependência mútua – já que ambos encaram o amor de formas semelhantes – acaba prendendo os dois na relação. “É uma complementação pela dificuldade emocional. Se ela é fraca, fica forte na relação. Então não precisa olhar para a própria fragilidade”. 

Foto: Arte Terra

Fonte: Terra
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