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Caso Jolie: reconstrução imediata das mamas colabora com a autoestima

Especialistas recomendam procedimento logo após a mastectomia, sempre que possível, para a mulher não sentir a perda do símbolo da feminilidade

16 mai 2013 - 14h42
(atualizado em 10/12/2013 às 13h07)
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A atriz Angelina Jolie passou por dupla mastectomia e fez a reconstrução das mamas. O procedimento começou em fevereiro e terminou no fim do último mês, segundo ela
A atriz Angelina Jolie passou por dupla mastectomia e fez a reconstrução das mamas. O procedimento começou em fevereiro e terminou no fim do último mês, segundo ela
Foto: Getty Images

O procedimento pelo qual passou Angelina Jolie, de retirada total das mamas como tratamento preventivo ao câncer na região, já que ela tinha 87% de chance de ter a doença, foi feito pensando em preservar sua saúde. Mas a drástica cirurgia levanta outra questão: a estética. Os seios são o principal símbolo da feminilidade e isso deve ser levado em conta na hora da decisão. “Hoje, a reconstrução total é indicada na primeira etapa da mastectomia, desde que a paciente tenha condições de saúde para isso", diz o oncologista e mastectologista  Fabrício Brenelli, responsável pelo ambulatório de reconstrução mamária do Caism (Centro de Atendimento Integral da Saúde da Mulher), da Unicamp.

“A mastectomia total pode causar um impacto muito grande na mulher, as mamas representam o lado erótico, da maternidade, de ser mulher mesmo”, complementa o profissional. Ele lembra ainda que casos como o de Angelina Jolie, com mutação genética, são mais raros, mas as mulheres que retiram a mama após diagnóstico de câncer também devem fazer a reconstrução para diminuir o impacto da perda da autoestima. “Não são raros casos de separação após as retiradas das mamas. Por isso, a reconstrução imediata é importante”, afirmou o médico.

Veja outras celebridades que passaram por mastectomia:

Maria Geralda Viana Helenon, coordenadora do Programa de Pós-Graduação e Psicologia da Saúde da Universidade Metodista de São Paulo, lembra que a parte estética não deve ser decisiva numa decisão como essa, mas sim a preservação da saúde. “A retirada do seio é uma perda para a mulher, porque representa a feminilidade, mas receber a notícia de câncer é lidar diretamente com a questão da morte, que pode acontecer, e isso mexe também com seu estado emocional”, disse, mas se há possibilidade de fazer a reconstrução já de imediato, isso ajuda muito a enfrentar melhor o problema. “Ao se olhar no espelho após a cirurgia, ela se vê inteira e isso é importante.” Brenelli ratifica essa informação. “Há estudos que mostram que ao sair da cirurgia com as mamas reconstruídas, a mulher tem menos incidência de depressão e uma melhora enorme na autoestima.”

 “Antigamente, deixava-se para colocar o implante ou fazer os demais procedimentos plásticos para uma segunda etapa, por medo de se atrasar um diagnóstico de recidiva. Hoje, com as novas técnicas a indicação é que se faça já na primeira cirurgia, caso a paciente tenha condições de saúde para isso, como não ter problemas de pressão, de diabetes, além de verificar o estágio da doença ou se realmente ela não quiserem”, explicou. A decisão final, porém, é sempre da paciente.

Sensibilidade

Angelina Jolie passou, no total, por três procedimentos até colocar o implante final. O primeiro deles foi o chamado autonomização, para preservação do mamilo. De acordo com Brenelli, no Brasil, segue-se mais a escola europeia e esse procedimento geralmente não é feito, mesmo porque há poucos casos de necrose dos mamilos após a cirurgia em que ele é preservado.

Há principalmente dois tipos de reconstrução. “A mastectomia de preservação só da pele e de preservação da pele e do mamilo, depende do estado da paciente, em algumas, é preciso retirar toda a pele também.” Quando o mamilo não é preservado, é possível fazer enxertos de outros locais do corpo, como das axilas e até dos grandes lábios vaginais. Para a reconstrução da aréola, também é possível fazer tatuagem.

O problema, porém, é que a glândula mamária é retirada totalmente, assim como as terminações nervosas que passam entre ela. Por isso, é muito difícil manter a sensibilidade nessa região, apesar de algumas mulheres voltarem a sentir a área de forma mais acentuada. Brenelli lembra que nos casos em que a reconstrução é feita em uma mama só, há mudança também na temperatura local, por conta da alteração dos vasos sanguíneos. “A mastectomizada é mais fria.”

Maria Geralda afirmou que ao tomar uma decisão como a de Angelina Jolie, a mulher deve levar em conta em primeiro sua saúde e também as consequências que um tratamento de câncer pode trazer. “Nesse caso, pensa-se também nos efeitos colaterais dos tratamentos, como a quimioterapia, que faz os cabelos caírem, ou mesmo dos remédios, que deixam a mulher inchada. É uma decisão delicada, mas precisa se pensar também em tudo o que ela vai deixar de sofrer depois. De qualquer forma, é uma atitude de coragem.”

Fonte: Ponto a Ponto Ideias Ponto a Ponto Ideias
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