Células-tronco estão em fase de teste em humanos
Patricia Zwipp
Ainda não existe técnica cirúrgica que possa curar a lesão que levou à paraplegia ou tetraplegia. Acredita-se que avanços na engenharia genética em relação às células-tronco tragam algumas esperanças no futuro. O assunto já foi inclusive mencionado na novela Viver a Vida.
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As células-tronco têm como principal característica a possibilidade de, ao se dividir, dar origem a qualquer tipo de célula do organismo. São retiradas principalmente da medula (utilizadas desde 1968 em tratamentos de doenças do sangue, como leucemia) e do sangue do cordão umbilical.
"As embrionárias não são fonte de tratamento, apenas de estudo. As outras células-tronco são mais restritas. As retiradas de um dente só podem corrigir problemas de dente, assim como acontece com as da pele, dos olhos", disse Carlos Alexandre Ayoub, clínico e diretor do Centro de Criogenia Brasil (CCB), empresa que coleta e preserva células-tronco do cordão umbilical.
A paraplegia e a tetraplegia estão na lista de patologias que eventualmente poderão ser tratadas. Os procedimentos estão em fase experimental em humanos, segundo Ayoub.
As células-tronco são injetadas diretamente na lesão e a ideia é que se transformem em neurônios, voltando a fazer a ligação interrompida.
"Há testemunhos de pacientes que conseguiram andar se segurando em um apoio, voltaram a sentir calor, frio e dor. Nunca se fala em cura total, mas em recuperação."
Para utilizá-las, é preciso que sejam compatíveis. Pensando nisso, algumas pessoas decidem armazenar o sangue do cordão umbilical dos filhos, que é 100% compatível com eles e ainda tem chances altíssimas de compatibilidade com pais e irmãos.
"Há uma série de 300 doenças que poderão eventualmente ser tratadas e os procedimentos se encontram em fase experimental, como esclerose múltipla, Alzheimer, Parkinson, diabetes, infarto, insuficiência cardíaca, derrame, cirrose. Se tivesse um infarto, por exemplo, e aplicasse células-tronco em 72 horas, resolveria o problema. Para tetraplegia, pode-se usar as próprias células da medula do paciente."
Caso guarde em bancos públicos de células-tronco, a amostra fica disponível a toda a população. No caso dos particulares, é exclusiva e o valor do processo de coleta e congelamento é de R$ 3.900 (que pode ser dividido em dez prestações) e, o da manutenção anual, R$ 550, no CCB.